Tuesday 3 January 2012

A Europa e a Inglaterra ... ficou tudo igual.


Mais de seis décadas depois das tropas do Exército Vermelho da União Soviética  terem  entrado em Berlim marcando o fim do III Reich nazista, a Alemanha dominou a Europa. Isso sem dar um tiro e durante apenas uma hora e meia de conversa – o papo entre a chanceler alemã Angela Merkel, o presidente francês Nicolas Sarkozy e o primeiro ministro britânico David Cameron, a troca  rancorosa que pôs fim, ainda que de maneira informal, na União Européia de 27 países.

A Alemanha ditou as novas regras de sua liderança. Uma vez mais, como rege a tradição do Velho Continente, sem garantias efetivas  de que será seguida de fato. O bloco de 17 países onde circula o euro, moeda em situação agonizante, deverá fazer um pacto fiscal e equilibrar seus orçamentos. O grupo se compromete a escrever em suas constituições o acordo que tem como objetivo salvar o euro e por conseguinte, o que sobrou da União Europeia. Quem desrespeitar o rigor orçamentário que limita o déficit público a 3% do Produto Interno Bruto e a dívida acumulada em 60% do PIB, sofrerá sanções ainda não definidas e sem base legal – tanto Alemanha e França estão fora das regras com 4,3%  e 7,1% do PIB, respectivamente. Nada sobre como estimular o crescimento econômico para pagar as dívidas e nenhuma palavra sobre as urgentes reformas estruturais com objetivo de acelerar a competividade. Nunca os eurocéticos tiveram tanta razão para reforçar sua repelência pela integração continental.

Na vigésima segunda reunião para tratar da crise do euro, sim vigésima segunda, o casal “Merkozy”, apelido da dupla que governa as maiores economias da eurozona,  queria ver  o quanto o britânico Cameron estava disposto a apoiar a iniciativa do lado continental do Canal da Mancha. Rapidamente descobriram que o apoio só viria com concessões à Grã Bretanha consideradas “inaceitáveis”. A mais significativa, o abrandamento e o direito de veto na regulação dos mercados que atingiria em cheio as operações da City londrina, o centro financeiro do Reino Unido e  o mais importante da Europa. Os serviços financeiros ingleses representam 9% do PIB da Grã-Bretanha e empregam cerca de um milhão de pessoas.

O dia em que os ingleses decidirem deixar os funcionários da União Européia em Bruxelas controlar as transações finaceiras na City poderá se perguntar se os pubs fecharam na noite anterior ou amanheceram com as portas abertas.

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